Pular para o conteúdo principal

Olhe para os lados antes de atravessar



Olhei para os lados. Minha mãe sempre me disse que devemos olhar para os lados antes de atravessar a rua, pois isso evita tragédias. Então eu olhei para os lados, e vi.

Pessoas cheias de verdades absolutas, engalfinhando-se para mostrar quem realmente carregava a resposta, a chave, a verdade absoluta para os problemas do mundo.

O que temos esquecido, é de olhar para o lado antes de atravessar essa rua chamada vida, pois se olhássemos, veríamos que tem um monte de gente tentando atravessar também, e um monte de carros e ônibus e caminhões que a qualquer momento podem causar uma tragédia.

Olha, amigo, se você simplesmente fechar os olhos e atravessar a rua correndo o resultado não será muito legal. Você não está sozinho no mundo, você não é dono dele e nem o portador escolhido da verdade absoluta divina universal.

Faz o seguinte? Retira essa venda que você está usando, pega na mão da pessoa que está do seu lado, pelo menos de uma delas, e tentem atravessar a rua juntos. Não esqueça de olhar para os lados. Aproveita e olha pra cima e pra baixo também, nunca se sabe.

Veja bem, não quero me contradizer, nada aqui é dito como certeza, são apenas pensamentos emaranhados tentando encaixar-se de alguma forma. Afinal, não sou o dono da verdade absoluta.

Ninguém é, pois na verdade, ela não existe.


Ou talvez sim, nunca saberemos. Enquanto isso, olhe para os lados antes de atravessar.

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Um texto sobre teatro

Eu queria ir mais ao teatro. Essa é uma daquelas conclusões a que se chega sem saber muito bem de que forma, você apenas acorda com uma vontade insana de ir mais ao teatro. E é isso, nada de grandes visões com esse texto, não tenho nenhum segredo para contar, nada aqui vai mudar a sua vida, só queria dizer que queria ir mais ao teatro, achei que era importante. Já acordou com a sensação de ter dormido por tempo demais? Como se tivesse ido para a cama ontem e acordou dez anos depois? Você de repente percebe que as coisas não estão onde você deixou na noite passada, as paredes estão mofadas, tem teias de aranha no teto, plantas mortas na janela e você fica se perguntando que diabos aconteceu, por quanto tempo você permaneceu adormecido? É uma sensação estranha, essa. Mas o texto não é sobre isso, é sobre minha vontade de ir ao teatro. Assisti meses atrás uma peça sobre os amores de Machado de Assis, um monólogo, para ser mais preciso. Monólogo, é assim que se chama uma peça de u...

O maior Idiota do mundo

Quando o Coração chegou ao consultório, Dr. Facundo ainda não havia chegado. Ansioso, como sempre, sentou-se em um pequeno sofá na sala de espera, de frente para a secretária, dona Eunice. A espera chegou ao fim alguns minutos depois, quando o doutor entrou na sala abruptamente. Era um homem alto, com seus cinquenta e poucos anos, e o que lhe sobrava em altura, faltava em cabelo.  - Desculpem o atraso, o trânsito estava uma loucura, vamos entrando. A sala de atendimento era simples e aconchegante, com apenas uma poltrona, um divã de couro marrom estofado e uma mesinha de centro. O Coração foi logo se acomodando, enquanto Dr. Facundo tirava um gravador e um bloco de notas de dentro da pasta. - E então, Coração, certo? Me fale um pouco sobre você, porquê resolveu me procurar? - Bom, estou passando por uma crise, doutor, me sentindo o maior idiota do mundo. Foi a Razão que me indicou o senhor. - Entendo, algum motivo aparente para estar sentindo-se assi...

Apenas sorria e acene ou "A arte de ficar em silêncio"

Quem passa por mim no dia a dia, sem me conhecer, deve pensar que sou um cara estranho. Sou aquela pessoa que se limita aos bom dias e aos acenos de cabeça, adepto de pensamentos flutuantes e olhar distante, não faço por mal e na maioria das vezes, eu não queria ser assim. Quando criança, segundo minha família e conhecidos, eu era um verdadeiro terror. Quando as pessoas se apercebiam da minha chegada, corriam para tirar de vista qualquer coisa que pudesse ser quebrada ou arremessada, eram algumas horas de pânico. Eu era aquele tipo de criança que foge dos pais no super mercado, que aborda estranhos na rua, que tranca a mãe fora de casa e tenta botar fogo nos colchões. Sim, eu tentei colocar fogo nos colchões. E então, assim sem aviso, me tornei o cara estranho que não não fala muito. Na verdade, eu falo, falo pelos cotovelos, mas só de vez em quando e com pessoas com quem me sinto confortável para tal. O fato é, que a medida que crescemos, as pessoas param de ouvir o...