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A Torre, o Louco e o Eremita.


Tenho ansiado por ser poesia, me fundir ao intangível do imaginário, ser incógnita, inquietude. O universo pôs diante de mim a torre quebrada de Babel, e já não há convicções ou caminho certo posto a mesa.

Queria eu ser o Louco, afinal, não é a vida um infinito de finitudes? Quando se chega ao fim, não estamos de volta ao início? Não é a estrada feita de vazios?

Mas vejo-me Eremita, a vagar e divagar ao encontro de um espelho que reflita mais que pele e mentiras. Procuro uma ponta solta de mim mesmo, uma ponta solta de alma, a que possa me agarrar e desfiar, até que nada reste.

Tendo sido feito da poeira de estrelas, como dizem uns, não devia eu encontrar no céu algum acalento para toda essa dor? Procurei em seu silêncio as resposta para perguntas desconhecidas, me fiz escravo de sua grandeza distante, roubei-me do desejo de ser mundo.

Percebo agora que das cartas dadas, minhas eram as mãos. Que fiz voz o que era desejo desarraigado, que de tronos invisíveis povoei as profundezas do meu âmago. 

Sigo Torre, sigo Louco, sigo Eremita, sigo estranho, em chão de estranhos.






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