Precisava escrever. Nada demais, nada pensado, nada planejado. Simplesmente escrever, por pra fora sentimentos aleatórios que talvez, e muito provavelmente, não façam sentido algum.
Agora que comecei, paro pra pensar na importância disso. De fazer por fazer, de não precisar de uma hora marcada, de um motivo, de um assunto ou tema específico, nada de grandes filosofias sobre a vida e a existência humana, nada de um texto bonitinho com inicio, meio e fim planejado, nada de reflexões profundas. Porque a vida é assim, as melhores coisas não são projetadas, elas apenas são. Fazer sentido, seguir as regras do jogo é necessário e até divertido as vezes, mas chega um momento em que você precisa apenas ser, estar ou sentir.
Se eu pudesse ilustrar o mundo moderno com apenas três itens, seriam um calendário, um relógio e um manual de instruções. Vivemos apegados a isso, mesmo que você negue, grite, chore, xingue e esperneie, é a realidade, vivemos apegados a isso.
Esperamos o dia das mães para dizer a elas o quanto são importantes para nós. Esperamos o dia dos pais para dizer que ele é o nosso exemplo e que queremos um dia ser pelo menos metade do homem que ele é. Esperamos os aniversários para dar os parabéns para aquela pessoa que amamos. Esperamos o dia dos namorados para dar flores, chocolates, carinho e um cartão dizendo o quanto amamos aquela pessoa que deveria receber isso todos os dias, simplesmente por ser a pessoa com quem escolhemos passar o resto da nossa vida.
Quando o despertador toca pela manhã, arrancando você daquele mundo gostoso e aconchegante dos sonhos, você levanta, veste o uniforme, toma o café sozinho na cozinha e vai para o seu trabalho, para fazer algo que você não gosta, para ter dinheiro pra comprar coisas que você não precisa, como já dizia nosso amigo Tyler Durden. Você vai para a igreja no domingo a noite, porque está na hora de estar com Deus. Você vai para o seu curso da faculdade, porque alguém lhe disse que sem um diploma você não chegaria muito longe.
Mas a verdade é, que se ao chegarmos na maioria destes lugares, pararmos e perguntarmos a nós mesmos o que estamos fazendo lá, a resposta seria: Não sei.
Por quê? Porque o nosso calendário nos diz que o dia é hoje, porque o nosso relógio nos diz que está na hora, porque o manual da sociedade nos diz que precisamos disso e daquilo para podermos nos encaixar nela. Mas porque precisamos nos encaixar em algo, ou algum lugar? Porque precisamos fazer sentido? Porque precisamos estar sempre sorrindo? Porque precisamos de hora marcada para dizer o que sentimos? Não precisamos.
Li em algum lugar uma frase, que não lembro onde (Perdão ao autor!), que "a sociedade nos diz que devemos ser diferentes, desde que o nosso diferente seja igual a todos os outros", achei incrível, pois é realmente o que vejo. Não estou te dizendo para ser um rebelde sem causa, ou para largar tudo e sair pelo mundo em um balão (mas se você quiser viajar o mundo em um balão, vá em frente, deve ser incrível!), estou apenas dizendo que você deve ser o que você é, dizer o que você sente, viver o que quer viver.
Que sejamos livres, livres de verdade, sem calendário, relógio ou manual de instruções. Sem tempo, nem dia ou sentido. Que você apenas seja, como esse texto que começou do nada, e apenas foi.
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