"Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver." - Dalai Lama
Alguém uma vez me disse que não
queria mais desprezar o presente pra viver o futuro. Parei para pensar sobre, e
a bem verdade é que faz sentido. Por pior que possa parecer o momento, a
situação, o ambiente e por mais colorido que o amanhã possa parecer, vivemos o
hoje, o agora. Mesmo que a paisagem do outro lado do muro seja muito mais
atrativa do que esse jardim cinzento em que você se encontra agora, você não
pode alcançá-la, não pode pular o muro, nem derrubá-lo. Aceitar isso vai tornar
tudo mais fácil.
Somos assim, nunca estamos
satisfeitos com o que temos, não sabemos apreciar o momento, não sabemos viver
o hoje. Vivemos em um mundo imediatista, voltamos a ser bebês mimados. Chorou,
ganhou. Ligou, chegou. Apertou, esquentou. Beijou, acabou. A fila anda é o lema
dessa geração, e na verdade ela não anda, corre, e não só a fila, mas a vida.
Confuso? Talvez. Se você tiver pressa de ler provavelmente não vai conseguir
entender.
O desconhecido nos atrai, o
mistério do que não vemos parece mais excitante do que a monotonia do
cotidiano. Queremos a emoção, a aventura, a adrenalina. Queremos chegar logo na
tão sonhada terra prometida, na nossa El Dorado, queremos, queremos, queremos. O
problema é que queremos demais. Nos preocupamos tanto com o destino que esquecemos
de olhar pela janela e apreciar o pôr do sol que se estende bem na frente dos
nossos olhos.
Nos preocupamos tanto em correr
para a linha de chegada, que acabamos esquecendo de dar as mãos para as pessoas
ao nosso redor. E quem disse que era uma corrida? Nós mesmos. Adoramos corridas
e competições. Corremos por sucesso, corremos por dinheiro, corremos por
felicidade e alguns, um pouco mais tolos, correm por amor.
No meu mundo dos sonhos as
pessoas não correm, elas sentam no sofá e assistem algum filme francês dos anos
90, pouco importa a história, o importante é a companhia, o momento. No meu
mundo dos sonhos as pessoas não usam microondas, elas acendem uma fogueira no
chão e espetam marshmallows em um graveto enquanto contam um história de terror
bobinha sobre um vampiro que mora na casa ao lado.
No meu mundo dos sonhos as
pessoas não tentam pular o muro, elas pintam ele de uma cor que combine com os
banquinhos de madeira novos do jardim. Como diria nosso amigo John Lennon,
“você pode dizer que sou um sonhador, mas eu sei que não sou o único”.
Que o hoje seja vivido, o ontem
seja memórias de um dia agradável e o amanhã seja a expectativa sem pressa de
um futuro colorido.
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