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A Culpa é das Estrelas – Sobre amar, morrer e ser lembrado


Acabei de assistir A Culpa é das Estrelas e confesso sem vergonha alguma, que algumas lágrimas ainda insistem escorrer rosto abaixo. Já ouvi pessoas dizendo que homem não chora ou que “é só ficção”, “é só um livro”, mas não é. Cinema, literatura, música e todo tipo de arte são feitos de sentimentos, são feitos do que os lábios não conseguem dizer mas o coração não consegue guardar, e isso, meus amigos, é a essência da vida, aprender com o sentimento dos  outros.
Logo no inicio do filme, ao ser instigado a falar sobre seus medos, Augustus Waters diz a seguinte frases:

- Meus medos? Ser esquecido. É, eu quero ter uma vida extraordinária. Quero ser lembrado, eu diria que meu único medo é não conseguir fazer isso.

Ser esquecido, no final das contas, é o medo de muitos de nós. Desde pequenos, na escola, no meio das crianças que brincam na rua, tentamos ser notados, aceitos, destacados dos demais e isso é normal, todos queremos ser lembrados. O problema, é que esquecemos que a vida é um sopro, e de repente a vida passa e nós não demos valor as pessoas que estavam conosco, que lembraram de nós todos os dias. Mãe, pai, irmãos, amigos e vizinhos.

A história, originária do livro homônimo, narra a vida de Hazel, uma jovem com câncer no pulmão que não sabe exatamente quanto tempo ainda lhe resta até o dia em que conhece Augustus Waters, carinhosamente chamado de Gus, um garoto sorridente, diferente e que já passou pelo que ela estava passando. E é nesse instante que a vida dos dois muda.

O desenrolar da narrativa é lindo. O aprendizado entre os dois, a forma como aprendem a ver o que está ao seu alcance e que lhes faz feliz todos os dias, mesmo sem saber quantos eles ainda tem, nos faz parar para pensar no quanto somos frágeis perante a grandiosidade da vida e o quanto perdemos com aquilo que não tem real importância. Com medos, autopiedade, sucesso fútil.

Quanto tempo perdemos tentando alcançar as banalidades da vida enquanto passamos por cima do que realmente é importante, passando por cima dos nossos sonhos, dos nossos prazeres e do amor.


Não quero ser extenso, apenas assistam ao filme e levem um lenço.

Não somos infinitos para o mundo, mas podemos ser para algumas pessoas.

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