Um breve vislumbre da primavera

4 de Setembro, faltam exatos dezoito dias para o fim do inverno.

Normalmente essa noticia me deixa um pouco incomodado pois eu realmente amo o inverno, por mais que tudo esteja frio e cinza, eu amo. Tudo parece mais bonito, mais aconchegante, mais elegante, os relacionamentos e abraços se tornam mais gostosos. Coisa boa se juntar com os amigos pra tomar chocolate quente, ver filme debaixo das cobertas, dividir o café. Coisa boa aquele abraço apertado que parece esquentar o nosso mundo inteiro. Bem diferente daqueles dias quentes de verão, onde quanto mais longe dos abraços pegajosos melhor, quando não há onde se esconder e ficamos fortemente tentados a aderir ao naturalismo e abandonar as roupas (brincadeira gente!).

Mas dessa vez, próximo do final da minha estação favorita, algo mudou. Não sei exatamente o que e nem o porquê, eu apenas sei que algo mudou. Sinto-me ansioso pelos dias mais longos, as flores por todos os lados, o calor,a cor, é quase como se eu precisasse disso e talvez eu realmente precise.

Mudança de estação. Porque eu me cansei dos dias cinzas, porque as chuvas e ventos tornaram a vida mais difícil, não foi um inverno normal, foi um inverno da alma, sabe? E chega um momento da vida em que precisamos deixar para trás o que passou, por pior e mais escuro que tenha sido e sorrirmos para um novo tempo, uma nova estação.

Não quer dizer que não haverão dias difíceis na primavera, mas se decidimos mudar junto com as épocas, mudar a nossa visão e a nossa mente e nos alinharmos com aquilo que nos trás esperança, esses dias serão bem mais leves.

O inverno ainda não acabou, mas ao longe já consigo ouvir o som dos pássaros cantando e é uma canção totalmente nova, uma canção de paz, de amor e esperança, uma canção com o cheiro das flores e das cores de uma nova estação.

O inverno cobre minha cabeça, mas uma eterna primavera vive em meu coração.

Victor Hugo

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