Pular para o conteúdo principal

Tire o amor do dicionário



 
Muito se fala sobre o amor hoje em dia mas se tem algo que eu aprendi nessa minha curta vida, é que quando muito se fala sobre alguma coisa, pouco se sabe realmente sobre ela. Quanto mais tentamos definir algo, mais distantes ficamos do que aquilo realmente é. Porque nós tiramos nossas conclusões baseado naquilo que conhecemos, que vivemos, ou seja, sete bilhões de pessoas, sete bilhões de definições.

Nós temos essa necessidade, sabe? De definir tudo, de etiquetar, catalogar, taxar coisas que nem precisam. Vemos milhares de frases que começam com “o amor é como COLOQUE AQUI A SUA DEFINIÇÃO” e isso não está errado, só é desnecessário. Porque então perdemos tempo tentando descrever algo indescritível, talvez para que outras pessoas possam entender o que sentimos, talvez para tentar por pra fora o que grita lá dentro, talvez porque essa mania feia foi implantada na nossa mente desde sempre.

Tudo tem uma definição específica. Separamos o mundo em países, raças, línguas, cultura, cor, opção sexual, estilo de vestir, condição física, enfim, tentamos entender o universo colocando tudo que se parece no mesmo lugar, quando as vezes não tem nada a ver. Definimos o amor pelo valor da aliança, se é de prata a relação ainda não chegou ao ponto máximo, se não tem aliança a relação é desleixada, nada sério, mas se a aliança é de ouro o amor é grande, se estiver na mão esquerda então, é eterno.

E eu acho lindo, quero colocar a melhor aliança no dedo da pessoa que eu escolhi passar o resto da minha vida ao lado mas isso não significa que nosso amor é maior do que o do casal que se conheceu a duas semanas e está vivendo uma paixão digna de Hollywood. Significa apenas que nos amamos e queremos passar a vida juntos e aquele circulo nos nossos dedos vai ser o menor dos detalhes.

Por um mundo onde perdemos tempo definindo o que vamos comer no jantar com a pessoa que amamos ao invés de ficar tentando comparar o que sentimos ao sorvete de creme com flocos que comemos semana passada. Por um mundo onde medimos o tamanho do quarto novo do bebê ao invés do tamanho do nosso amor. Por um mundo onde o amor não esteja no dicionário, onde ele não precise se parecer com nada que não seja, amor.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Culpa é das Estrelas – Sobre amar, morrer e ser lembrado

Acabei de assistir A Culpa é das Estrelas e confesso sem vergonha alguma, que algumas lágrimas ainda insistem escorrer rosto abaixo. Já ouvi pessoas dizendo que homem não chora ou que “é só ficção”, “é só um livro”, mas não é. Cinema, literatura, música e todo tipo de arte são feitos de sentimentos, são feitos do que os lábios não conseguem dizer mas o coração não consegue guardar, e isso, meus amigos, é a essência da vida, aprender com o sentimento dos  outros. Logo no inicio do filme, ao ser instigado a falar sobre seus medos, Augustus Waters diz a seguinte frases: - Meus medos? Ser esquecido. É, eu quero ter uma vida extraordinária. Quero ser lembrado, eu diria que meu único medo é não conseguir fazer isso. Ser esquecido, no final das contas, é o medo de muitos de nós. Desde pequenos, na escola, no meio das crianças que brincam na rua, tentamos ser notados, aceitos, destacados dos demais e isso é normal, todos queremos ser lembrados. O problema, é que esquecem...

Chorar é preciso

As palavras a seguir, são de um sábio oriental, chamado Osho. “As pessoas perderam quase que completamente a dimensão das lágrimas. Elas só as deixam sair quando estão em profundo estado de dor ou sofrimento. Esqueceram-se de que as lágrimas também podem ser de felicidade, de enorme prazer, de celebração. As lágrimas não têm nada a ver com o sofrimento ou a felicidade. Elas têm a ver com qualquer coisa que seja muito profunda e precise transbordar. Pode ser felicidade, pode ser tristeza. Qualquer coisa que seja intensa demais, impossível de conter, algo que transborde: a xícara ficou cheia demais. As lágrimas saem desse excesso. Então, dê a elas o seu devido valor.”  Fiquei refletindo sobre elas. Quem nunca ouviu uma mãe dizendo para o seu filho pequeno, após ele ter caído, “não chora, não foi nada demais, levanta” . Ou que nunca ouviu um pai dizendo, “Para de choro, homem não chora” ? Todos já ouvimos isso. Desde pequenos somos ensinados que chorar é sinal d...

A Velha Tjikko

Procuraram os homens pela mais antiga das árvores da terra, deparando-se então com a "Velha Tjikko". Que decepção para os megalomaníacos de plantão, não tinha ela mais do que quatro ou cinco metros. Baixote, carcomida pelo tempo e destorcida pelo vento. Não venderia muita revista, pensaram eles, e grandes matérias não se fariam a seu respeito, as pequenezas não atraem grandeza. Um velho senhor viajou horas e mais horas para chegar ao local da descoberta, homens gostam destes encontros com passados distantes, passam a  ideia de que a eternidade não é um devaneio tão insano assim. Ao chegar lá, sentou-se a sua frente, como se tivesse encontrado um grande amigo de épocas passadas, ou a si mesmo. Nada havia de especial nela, para quem não conhecia sua história. Todos são iguais por fora, pensou, a distinção é mais profunda.  Admirou-a então, por instantes infinitos de tempo parado. Quão comum era ela aos olhos! Podia ter sido qualquer coisa.  Podia. P...